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Map of the Soul 7: o melhor álbum do BTS

O 7 é o álbum mais maduro musicalmente do grupo BTS, onde encontramos uma volta ao passado, uma reflexão das dificuldades e o amadurecimento dos sete integrantes durante os sete anos de banda

Ontem, finalmente, o BTS lançou o sétimo CD da carreira: Map of the Soul 7. Este álbum é a versão estendida do ep Map of the Soul: Persona, lançado em 12 de abril de 2019. Após 10 meses do primeiro lançamento, muito se especulou sobre o comeback e aos poucos a imagem principal começou a ser montada. E Map of the Soul 7 é muito mais do que um CD, mas um projeto global de arte.


(Imagem: Big Hits Entertainment / divulgação)


O 7, como vamos chamar carinhosamente o CD, começou a ser mostrado para nós por partes, pelas cinco primeiras faixas. Esse EP colocou o BTS na história, fazendo o grupo ultrapassar os Beatles, colocando 3 CDS em primeiro lugar nos charts da US Billboard 200 e desde o lançamento deles, estávamos recebendo pequenas pistas do rumo que o 7 tomaria. Como tivemos um ano, vamos ficar apenas da música cinco em diante, já que é a partir dela que o 7 realmente começa.


Shadow, música solo de Suga e é a intro perfeita para o álbum mais maduro do grupo. Em Shadow, Suga canta sobre as dificuldades de lidar com o estrelato do grupo e isso também é mostrado no clipe e o que nos dá uma ideia do rumo que 7 vai tomar a partir dali. É como se Persona e 7 fossem duas pontas da mesma corda.

Além disso, em uma entrevista para a revista Variety, Suga falou sobre o nome e o conteúdo do álbum ser como é. São sete integrantes em sete anos de história de banda. O álbum conta a história de todos eles.



Quando Black Swan foi lançada, oficialmente como primeiro single do 7, foi a certeza da maturidade do som do BTS e de como eles cresceram além do musical nos anos de banda. O videoclipe oficial não tem imagens do grupo e sim do grupo de dança dinamarquês MN Dance Company. O clipe não é apresentado apenas como um produto da música, mas uma extensão visual dela, como uma obra de arte.


Filter, música solo de Jimin, é uma mistura coreana de ritmos latinos e muito se especulou sobre qual seria o tema de sua canção. Jimin, que tem músicas solo poderosas - como Lie - surpreende a cada nota. Filter fala sobre dualidade, sobre a pessoa se tornar o que outra quer que ele seja - nada mais perfeito para Jimin cantar, já que como artista ele é muito versátil.


Em sequência, JK, o maknae do BTS, canta sua solo chamada My Time. O título não esconde o tema da música de Jungkook sobre seus dias de trainee até hoje e as perdas que a fama o fez ter. Além disso, My Time é um R&B maravilhoso, como se os anos 90 tivessem chegado a 2020 através dela nesse CD.

Agora, Louder Than Bombs é particularmente a minha favorita do CD inteiro. Escrita em parceria com o cantor e compositor Troye Sivan, a música fala sobre as consequências de escutar sobre as dores de tantas pessoas, mas ainda não terem suas dores levadas em consideração, como canta Suga na estrofe


“People say they’re jealous of us The pain I have, they say it’s hypocrisy No matter what I do, I get caught up in shit If not us, yeah, who will do it?”


Ela é uma das melhores de todo o álbum e merece muita atenção, apesar da próxima música da sequência ser ON - o single lançado ontem junto com o álbum.



(Imagem: Big Hits Entertainment / divulgação)


ON é uma música forte que acompanha toda a temática do álbum, mas com uma movimentação diferente e um toque de esperança com a letra “can’t hold me down ‘cause you know I’m a fighter”. Também é uma das músicas mais fortes do álbum. O videoclipe de ON mostra o lado showman de todos eles, mas com o adicional de estarem acompanhados de uma companhia de dança que falaremos mais pra frente em outro post e uma marching band.




Após ON, a rap line do BTS se junta para a música UGH. RM, Suga e J-Hope cantam sobre como a raiva afeta relações, principalmente em como eles são afetados pelos comentários de ódio na internet. Além disso, a palavra coreana 욱, wook, que poderia ser traduzida como UGH, é uma variação linguística de 욱하다 , que poderia ser traduzido como perder a paciência do nada, normalmente por coisas sem importância. Além disso 욱 também é uma onomatopeia para o ato de vomitar. (fonte: doolset lyrics)


Ou seja, UGH é uma música que expressa a raiva não só pela letra, mas na construção da palavra em coreano e no refrão em que toda a rap line canta:


“I go UGH! UGH! I go UGH! UGH! I’m raging at the malice-filled rage I’m raging at the rage that had to die out, hey”


00:00 (Zero O’clock) é o ponto de virada do álbum. De todas as músicas lançadas hoje, todas eram muito densas e pesadas, falando sobre mudança, crescer com a fama e estar perdido com isso. E 00:00 é o início do ponto virada do álbum. Como se dali pra baixo toda a tristeza fosse se tornar algo bonito.


A última estrofe de 00:00 é “Turn this all around when everything is new, zero o’ clock” e é o que acontece desse ponto do CD pro fim.


Taehyung, nosso V, canta Inner Child, sua música solo, como uma conversa com o ele mesmo do passado. Como se tudo o que estivesse sofrido antes, ainda faz parte do sonho que ele escolheu viver. Além disso, musicalmente, é algo que o BTS não tinha apresentado ainda, uma melodia que poderia fazer parte do que Louis Tomlinson apresentou em seu álbum solo, Walls. Além disso, essa música é o primeiro respiro do álbum que até então é muito denso.


O álbum é todo muito pessoal, mas ao meu ver, a música mais íntima de todo o CD é Friends. Um dueto entre Jimin e V, conta sobre a amizade deles de quando ainda trainees e estudavam na mesma escola, até as pequenas brigas e as referências sobre as mãos pequenas de Jimin. É uma música leve e Jimin também esteve envolvido na produção da música. Na mesma entrevista a Variety, Suga comentou sobre a participação de outros integrantes na produção do álbum.


Moon, música solo de Jin no álbum, não é novidade musical para o grupo, mas pessoalmente acho a voz de Jin uma das mais diferentes e incríveis e por isso não me incomoda que já tenhamos escutado outras músicas assim vindas deles. Além disso, Moon é uma música para o Army, os fãs de BTS. A música é linda e a balada é leve de escutar.


Respect, próxima música, é um dueto de RM e Suga e é uma música que volta a trazer referências sobre o conceito de determinadas palavras na cultura sul coreana e referência de antigos trabalhos do grupo. Suga e RM cantam sobre respeito e sobre caso as pessoas percam caso vejam o lado menos forte deles, como cantado pelos dois na estrofe


“Please don’t say respect easily, yeah Because even I am not sure, yeah Sometimes I’m scared of myself What if the weak me is found out”


Além disso, durante a música, eles usam o termo hyeong, ou irmão e essa expressão é usada por um homem mais novo se referindo a um homem mais velho, no caso RM se referir a Suga. Na cultura sul coreana, esses títulos honoríficos são muito importantes e ver isso ser abordado na música, de uma forma leve e descontraída, também é uma forma de se pensar na relação de tradição e respeito da Coréia do Sul, entre mais novos e mais velhos.


No final de Respect temos uma conversa muito engraçada entre RM e Suga, como se a música tivesse sido apenas pela palavra Respect. Suga não sabe inglês e RM é fluente na língua e os dois conversam sobre como inglês é difícil.


We are Bulletproof: The Eternal é a música final das outras duas We Are Bulletproof Pt 1, dos anos de trainee do BTS e We Are Bulletproof Pt 2, do primeiro álbum da carreira deles, Skool Luv Affair. Essa música fala sobre todas as dificuldades que eles enfrentaram desde o início e é outra música que faz referência a outros trabalhos do grupo. A música, além das dificuldades, fala de como eles cresceram como amigos e que nesses sete anos eles se tornaram a prova de balas, nesse caso, a prova de coisas ruins que já enfrentaram - algo que o próprio nome deles fala: Bangtan Sonyeondan ou Escoteiros à prova de balas.

Uma parte muito bonita da música é que eles dizem que não são apenas sete e por isso são a prova de balas - falando sobre o Army ser parte disso também.


Outro: Ego, penúltima música do álbum e solo de J-Hope, é uma versão animada e iluminada de uma viagem ao passado, onde estão todas as memórias ruins, como o quase fim da banda há alguns anos, as críticas e dificuldades, até ele encontrar o próprio caminho e confiar em si mesmo. A música é um compilado de memórias de J-Hope, desde sua família até tudo o que ele já viveu com a banda. Assim como Friends, é uma das músicas mais pessoas do CD e o videoclipe mostra alguns momentos, como cenas de antigos trabalhos e uma foto de Hope em um de seus aniversários quando criança.




A última música do 7 é uma versão de ON com participação da cantora Sia. Essa é a segunda participação de um artista nesse CD, sendo a primeira Halsey, em Boy with Luv. Em si, a colaboração não faz uma grande contribuição para a música, como em Idol ft. Nicki Minaj, no álbum Love Yourself: Answer. Ainda assim, a voz de Sia complementa a dos outros integrantes durante a música.


Map of the Soul 7 é, sem dúvida, o melhor álbum do grupo até hoje. Maduro musicalmente, ele é uma viagem ao passado da banda e uma reconciliação no futuro. Escutamos sons que até hoje, em sete anos, ainda não tinha sido apresentado por eles e isso foi uma surpresa muito agradável durante todo o álbum. Apesar de ter 20 músicas, pareceu muito rápido e a vontade logo após foi escutar outra vez. BTS e toda a equipe técnica envolvida está de parabéns com o trabalho. Espero que eles sejam lembrados pelas grandes premiações da música com este CD.

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